quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Desabafo

    Por  J. Karen





  Pra ser sincera, comecei esse texto, sem saber o que escrever. Na verdade, continuo sem saber. Só senti de repente uma necessidade urgente de escrever algo, pra desabafar coisas que não posso desabafar, e revelar segredos que jamais revelarei. É um jeito estranho de colocar as coisas. A gente se percebe escrevendo sobre absolutamente nada, tal e qual uma abstração tola.
  Tudo uma grande bagunça aqui dentro desse espaço vazio de mim. Eu sinto as coisas tão espessas, tão misturadas que não consigo diferenciar o que é real, e o que só acontece nos meus sonhos bobos. Não queria escrever sobre mim. Acho banal. Fica aquela sensação de vitrine dos meus sentimentos, me sinto exposta, violada.
    O Deus que me vê não se assusta nem se surpreende com as coisas terríveis de que sou capaz. Mas Ele as vê. Vê cada uma dessas coisas, sentimentos e pensamentos que me invadem a mente e que são ocultados pelo meu moralismo extremo. Muito mais do que um verbo passivo, ELe está lá. Em cada momento odioso do meu caráter duvidoso, Ele está presente. Eu posso sentir essa presença se refletindo na minha vergonha, na minha culpa, e até mesmo nas minhas vãs tentativas de parecer mais agradável e boa.

    Não posso virar as costas para isso. Ele me chama. Ele me atrai para perto, para longe de mim mesma, onde corro mais perigo. Eu tenho exemplos a dar. Preciso do maior exemplo que já existiu. Sempre corro para ELe. As vezes sangrando, as vezes fraca demais para qualquer palavra. E aqui, nesse mesmo silêncio, Ele apenas me vê, e isso já me consola.


Então, era isso.

Um comentário: